Língua: patrimônio imensurável

Pictograma de Luís Vaz de Camões no Instituto Camões, em Lisboa, Portugal.

A maioria dos seres humanos nasce apta para adquirir uma língua. Com ela, estabelece-se uma mediação do eu com o mundo. Com a língua nos identificamos, nos comunicamos, nos expressamos e tentamos ser compreendidos.

Este patrimônio nos acompanha todos os dias e todos os momentos de nossa vida. Ele é tão precioso e necessário que, para aqueles que por alguma razão, não conseguem aprender uma língua de forma convencional, criam-se línguas especiais como a sinais para os surdos (LIBRAS),  Braile para os cegos, além de outras linguagens que surgem com o avanço tecnológico.

Com este patrimônio chamado língua, nos identificamos: quem eu sou, quem são aqueles que me cercam, de onde eu vim, para onde quero ir. Não precisamos temer o enigma da esfinge “Decifra-me ou devoro-te”. Ele foi desvendado com nossa identificação em uma língua, seja ela nativa ou estrangeira.

Com apenas uma língua tornamo-nos capazes de nos comunicar, de nos fazer participantes, de poder não apenas dizer quem eu sou, mas de conhecer o outro e aprender com ele, trocar experiências e entender que as diferenças nos enriquecem, além de nos alçar para outros conhecimentos que podem alterar nosso papel no mundo.

Com apenas uma língua ganhamos o poder de compreender o mundo que nos rodeia e interagir nele, ser parte dele e, se tudo isso nos é dado com apenas uma língua, ao aprender outras, este patrimônio imensurável também se amplia.

Língua é cultura. E cultura está em todos os lugares, nas palavras, na comida, na bebida, nas danças, nas crenças, nos gestos, nos comportamentos que são tão nossos e que se apresentam em situações cotidianas que vão desde o simples ato de cumprimentar até aqueles de conflito, de dor, de tensão, entre outros.

Ao adquirirmos outras línguas, inserimos conhecimentos culturais que vêm  com elas e que foi construído ao longo de suas histórias.  Rapidamente descobrimos que são as nossas diferenças que nos fazem tão iguais e nossas igualdades que nos fazem tão diferentes.

Então, língua é ou não é um patrimônio imensurável?

Elza Gabaldi é professora de português para nativos e estrangeiros há 30 anos. Sempre que ela tem oportunidade, escreve neste site. 

 

2 respostas para “Língua: patrimônio imensurável”

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