Observando qualquer texto escrito em Português, encontramos grande quantidade de sons nasais. Observe este excerto do texto A Tal Felicidade, de Satyanatha, publicado em 13 de março de 2019 na Revista Veja: “O mundo precisa de pessoas que meditem. O mundo precisa de crianças que meditem”. As palavras mundo, meditem e crianças têm sons nasais.
Para o falante nativo, este tipo de nasalidade passa despercebido, mas para falantes de outras línguas, pode representar uma dificuldade. Assim, ensinar os sons nasais requer esforços extras que vão além daqueles tratados nas vogais /ã/, /õ/ões encontrados nas palavras maçã e manhã, informações e Camões.
Vejamos mais um trecho do texto de Satynatha anteriormente citado:
“Crianças pequenas já aprendem que precisam, depois de brincar, pegar um por um os brinquedos e guardá-los. Com suas mãozinhas, elas os carregam até a prateleira ou caixa. Com as emoções e os pensamentos, é possível fazer a mesma coisa. Se o medo veio, a criança pode fechar os olhos, sentar-se de pernas cruzadas e respirar fundo, começando a meditação.”
Normalmente, os sons nasais são ensinados em palavras isoladas como: manhã, ímã, irmã, mãe, mão, pão, o que já é um bom passo, haja vista certas palavras deixarem um estrangeiro em situação delicada, como por exemplo, um estrangeiro chegar ao balcão da padaria e pedir um “pão”. Se ele desconhecer a nasalidade, ele pedirá um “pau”.
Assim, ensinar a pronúncia correta de tantas palavras em português requer leituras constantes, sejam elas de palavras, frase e textos em voz alta para que o professor possa trabalhar a pronúncia de forma completa, não se atendo apenas em algumas palavras isoladas. Em textos, todas as nasalidades se apresentam como o exemplo citado: crianças, aprendem precisam, brincar, começando.
Um professor atento, consegue ir além de algumas regras. Ele pode ir mais fundo no ensino dessa língua rica e sonora que é a língua portuguesa e assim ajudar estudantes de todas as partes do mundo a sentir mais confiança ao se expressar em português.
Elza Gabaldi é professora de português para nativos e estrangeiros há 30 anos.